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EM UMA GALÁXIA MUITO, MUITO DISTANTE…

O mundo audiovisual é reconhecido pela sua comunicação que moldou os últimos 100 anos, com histórias fantásticas e de mundos que só eram possíveis alcançar por meio da imaginação. Com a evolução do cinema e da televisão, poucos frames de um homem em seu cavalo se tornaram filmes com orçamentos multimilionários, com bilheterias bilionárias. No meio deste longo caminho, as produções conseguiram avançar em tecnologias, e assim, criando novas histórias espetaculares, que conseguem envolver a ficção com a realidade, mostrando sonhos distantes que se entrelaçam com problemas da nossa realidade mundana, como Mad Max, ou até mesmo Guerra Civil.

A educação também mudou durante o último século, novas discussões aparecem e métodos de ensinar sobre questões culturais, sociais e comportamentais. Histórias infanto-juvenis que ajudam a desenvolver essas características sempre existiram e inspiraram jovens, como o clássico ‘O Senhor dos Anéis’, de J. R. R. Tolkien, que dialoga sobre a importância das amizades, algo muito presente nas obras do autor. Hoje, o audiovisual se adapta a mostrar mensagens importantes por meio de histórias marcantes, como vistas nas clássicas animações da Disney.

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A ‘Bela e a Fera’ traz um conto sobre a importância de aceitar e não julgar as aparências do próximo. A animação ‘Mulan’ é uma carta de amor para as mulheres que precisam esconder a sua força feminina por conta da sociedade patriarcal que vivem.  Mas, para o atual CEO da Disney, Bob Iger, isso não é o foco para o futuro da produtora fundada por Walt Disney.

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“Eu gosto de poder fazer isso, entreter e se você puder infundi-lo com mensagens positivas, ter um bom impacto no mundo, fantástico. Mas esse não deve ser o objetivo.”

 Frase dita durante a cúpula de DealBook e na sessão de perguntas e respostas da reunião anual de acionistas da Disney.

(Créditos da foto: Jordan Strauss/Invision/AP, FIle)

Em uma grande reportagem do Business Insider, o ‘chefão’ de uma das marcas mais influentes do mundo está constantemente se concentrando em lutar contra a imagem ativista da empresa em eventos de acionistas. Em um exemplo, Bog Iger comentou frases como:

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“As pessoas vão assistir a um filme ou programa para se divertir. Eles não vão receber uma mensagem. Por que eu tenho que ter uma Marvel que é só mulher? Não que eu tenha algo contra as mulheres, mas por que eu tenho que fazer isso? Por que não posso ter Marvels que são as duas? Por que eu preciso de um elenco todo preto?”

Já o famoso investidor norte-americano, Nelson Peltz, quando perguntado sobre a ‘agenda woke’ na Disney, durante uma entrevista ao Financial Times - que já leva um título alfinetando Bob Iger - comentou:

Peltz já se envolveu com polêmicas nos bastidores, como no filme Avatar: O Último Mestre do Ar, quando foi acusado de nepotismo e white-washing (embranquecimento) ao colocar sua filha no papel de Katara, uma jovem indígena, por pura pressão de seu investimento no longa.

Atualmente, o papel da personagem está com a jovem Kiawentiio, que faz parte dos povos Mohawk, nativos do Canadá. 

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VOCÊ É WOKE?

A palavra woke, que vem diretamente da língua inglesa, é traduzida como acordou ou acordado, mas a sua utilização para movimentos sociais datam de 1931, quando um grupo de homens brancos acusaram outro grupo de nove negros de terem cometido crimes sexuais, o que foi confirmado por duas meninas. Durante o julgamento, apenas dois  menores foram absolvidos, mas após uma segunda instância, uma das garotas admitiu ter mentido sobre as acusações, ainda assim, os rapazes foram condenados a até 65 anos e, em outros casos, pena de morte. Com esse episódio histórico, o cantor negro Lead Belly fez uma canção sobre o crime. No final de sua lírica, ele dispara a frase:

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“Stay woke, and keep your eyes open.”

(“Continuem acordados, e mantenham seus olhos abertos”.)

Desde então, a expressão stay woke se tornou muito presente nas manifestações norte-americanas relacionadas ao movimento ‘Black Lives Matter’, com foco em 2014, no episódio trágico da morte de Michael Brown, em Ferguson, no Missouri. Por essa frase carregar essa força histórica e cultural contra a opressão racista que abala os Estados Unidos desde o início de sua memória como país, ela continuou presente em diversas outras pautas, assim como foi em 2020, com o assassinato de George Floyd, que abalou o mundo. Mas, com o passar do tempo, a expressão woke começou a ser alterada para outros valores, principalmente por grupos de extrema-direita, numa maneira de banalizar todo o valor que ela traz para diversos grupos sociais. Segundo o professor de sociologia, Carlos Eduardo, isso vem como um campo de disputa na linguagem política, algo que acontece com outras palavras que buscam ser ressignificadas, como a apropriação de xingamentos homofóbicos que hoje se tornaram gírias dentro da comunidade LGBTQIA+.

 

No Brasil, o termo teve sua tradução como lacrar e derivados (como lacrador e lacrate), e é extremamente utilizado em canais de cultura pop considerados nerd, mas podem ser vistos em qualquer produto midiático que tenha qualquer tipo de inclusão ou pensamento progressista. Em casos mais extremos, produtores de conteúdo extremistas usam do termo para realizar ataques com teor preconceituoso, tendo suas páginas derrubadas pelas mais diversas redes sociais.

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‘DEUS AMA, O HOMEM MATA JULGA’

Filmes aclamados da Disney sempre contam com histórias que trazem adultos, crianças e adolescentes à lágrimas, com muita comoção e emoção, isso não vem da mente de um criador que está focando em entreter, e sim, trazer uma história humana. É muito difícil uma pessoa se emocionar com explosões e cenas de ação, ou com uma comédia pastelão.  Em Toy Story 3, conta uma história que dialoga sobre o consumismo humano, e como Andy está crescendo e não é aquela criança que sonha acordada com seus bonecos amados, algo que dialoga com o público-alvo, que cresceu junto com o personagem. Em Dumbo (1941), muitas pessoas que sofrem ou sofreram com o bullying se sentiram na pele do personagem, e assim criam laços com o elefante, mesmo não sendo uma figura humana.

‘DEUS AMA, O HOMEM MATA CENSURA’

Em 31 de outubro de 1992, a exibição da mais nova animação do grupo de mutantes da Marvel Comics, (no Brasil, apenas conhecido como X-men), mostraria que mesmo em classificação livre, a discussão política pode e deve ser feita em um produto acessível aos mais novos. O material de origem dos personagens, especificamente o clássico quadrinho, “Deus Ama, o Homem Mata”, já foi censurado em território nacional pela editora Abril, por protesto de uma parte mais religiosa da empresa.

Em vários episódios da equipe, as críticas se tornaram atemporais, como é o caso da trama do vírus tecnorgânico, que foi atrelado como um vírus proveniente dos mutantes. O arco mostra grupos extremistas e humanos praticando o preconceito e a exclusão dos portadores do gene-x, mas no final, mostra que a desinformação e a implementação de narrativas falsas foram os responsáveis pelo terror intolerante. Na nossa realidade, algo parecido aconteceu durante a pandemia da COVID-19, onde coletividades racistas incentivaram que pessoas asiáticas fossem portadoras e transmissoras - com até mesmo o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, chamando de “virus chines”. Em um relatório no auge da pandemia, o departamento de política de Nova York noticiou  o aumento de 1.900% em incidentes envolvendo violência e o preconceito contra a população de origem asiática. E sobre o levantamento do movimento Stop Asian Hate, 65% dos casos violentos aconteceram com mulheres.

Nos episódios (7 e 8 da segunda temporada, intitulado ‘Os Fugitivos do Tempo’), a primeira e principal pessoa que sofre com o preconceito e perseguição diante do vírus é a personagem Jubileu, uma mulher com descendência chinesa.

Ainda, a série não se mostra com medo de fazer metáforas fortes com questões políticas, como pode ser visto em tantos momentos em que Professor Xavier se preocupa com a questão mutante dentro da capital americana, e um dos grandes inimigos da raça, o grupo extremista ‘Amigos da Humanidade’. Usando de símbolos claramente inspirados no exercito nazista alemão, como a águia e braçadeiras, educando jovens a reconhecer símbolos que evocam viôlencia, problemas e injustiças, como diz a professora e pesquisadora de semiótica da UFES, Júlia Almeida de Mello:

O uso de estética nazista para caracterizar vilões em desenhos animados pode ajudar a educar crianças/adolescentes sobre a negatividade desses símbolos, desde que a narrativa deixe claro a maldade dos vilões associados a esses elementos e desde que haja um contexto educacional adicional, onde a conexão entre os símbolos e seus significados históricos seja discutida e explicada.

Mesmo com tantas pautas importantes, o desenho não deixou de criticar a mídia e a televisão dos anos 90, como pode ser visto no episódio 11 da segunda temporada, ‘Mojovisão’. Nele, um vilão multiversal que é referenciado como “o corruptor da comunicação”, sequestra os heróis para criar programas de televisão cheios de violência e ação, o que marca sua personalidade com a seguinte frase: 

 

 

 

 

Com isso, convidados o cineasta e escritor, Padre Antônio Bogaz, para dialogar e mostrar sua visão sobre a importância de representar essas dores e questões cotidianas para o cinema feito para jovens:

A importância do representar no cinemaPadre Bogaz
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As transformações no mundo audiovisual e o crescimento exponencial do uso da tecnologia digital têm gerado preocupações sobre o impacto desses fenômenos na infância e na juventude. À medida que as plataformas de streaming ganham popularidade e o conteúdo gerado pelo usuário prolifera, o entretenimento se torna cada vez mais fragmentado e consumido em pequenas doses, o que pode afetar a atenção e o desenvolvimento dos jovens e crianças.

A ERA DOS CONECTADOS

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Essa realidade se entrelaça com a crescente preocupação em relação ao uso excessivo das redes sociais e ao acesso desacompanhado de crianças a conteúdos on-line. O fácil acesso a dispositivos digitais e plataformas online permitiu que as crianças explorem uma ampla gama de conteúdos, muitas vezes sem supervisão adequada, expondo-as não apenas a temas inadequados para suas idades, mas também ao desprendimento de processos essenciais para seu desenvolvimento infantil e juvenil.

 

A pesquisa TIC KIDS ONLINE BRASIL revelou que cerca de 86% dos usuários de Internet com idades entre 9 e 17 anos, totalizando aproximadamente 21 milhões de brasileiros, possuem perfis em redes sociais. No entanto, quase metade desses jovens não tem seus e-mails e perfis verificados pelos pais, de acordo com o estudo que entrevistou presencialmente 2.604 crianças e adolescentes, bem como seus pais e responsáveis.

O uso excessivo das redes tem um impacto significativo em jovens e crianças, de forma que passam cada vez mais tempo em plataformas como Instagram, TikTok e YouTube, onde são expostas a uma grande quantidade de conteúdos, em sua grande maioria videos curtos e entretenimento notícias e opiniões sobre uma ampla gama de assuntos.

 

Nesse contexto, histórias como ‘WiFi Ralph: Quebrando a Internet’ lançam luz sobre a relação das pessoas com a internet e como ela influencia suas vidas. A história do personagem Ralph e sua jornada no mundo virtual oferece uma visão interessante sobre as consequências do uso desenfreado da tecnologia e a importância de encontrar um equilíbrio saudável entre o mundo online e o offline.

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Enquanto o mundo audiovisual e a tecnologia continuam a evoluir, é fundamental que os pais, responsáveis e a indústria de entretenimento considerem o impacto significativo que o conteúdo pode ter no desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças e jovens. A declaração de Bob Iger evidencia um desafio presente na indústria: a divergência entre a busca pelo entretenimento puro e a responsabilidade social.

Além disso, a indústria do entretenimento tem um papel crucial na formação da percepção e das atitudes de crianças e jovens em relação ao mundo ao seu redor. As produções audiovisuais, como filmes, programas de televisão e outras formas de entretenimento, muitas vezes têm um impacto profundo no desenvolvimento envolvendo valores e comportamentos.

 

As histórias e os personagens que são apresentados podem servir como modelos que inspiram e influenciam sobre questões de âmbito social, cultural e ético. Por exemplo, a criação da ‘Tiana’, a primeira princesa negra da Disney, que só foi existir em 2009, sendo um fator muito importante para promover a diversidade, inclusão e respeito mútuo - assim como no famoso mundo dos heróis Marvel, com a personagem Echo, que é interpretada por uma atriz nativo-americana, surda e amputada. Todas essas questões são importantes para a jornada da heroína e para sua interprete, Alaqua Cox.

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E temos Wall-E, um robô amado por todos, que é um exemplo marcante do poder do audiovisual na conscientização ambiental. O filme retrata um futuro distópico, alertando sobre os perigos do consumismo desenfreado e convida os espectadores a estabelecerem seu papel no cuidado ao planeta.

 

Esses filmes não apenas entretêm, mas também educam e sensibilizam o público sobre questões sociais, culturais e ambientais, contribuindo para uma maior conscientização e engajamento em temas importantes para a sociedade atual. A influência da cultura woke no entretenimento contemporâneo está intrinsecamente ligada a questões sociais, culturais e ambientais.

Por um lado, filmes, programas de TV e outras formas de entretenimento servem como veículos poderosos para educar e sensibilizar o público sobre esses temas, promovendo uma maior consciência e engajamento. No entanto, o uso desenfreado das tecnologias digitais, especialmente por crianças e jovens, apresenta riscos significativos para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social.

 

O fácil acesso a dispositivos digitais e plataformas online tem levado muitas crianças e jovens a passarem cada vez mais tempo em frente às telas, seja em redes sociais e aplicativos de entretenimento.

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Esses filmes não apenas entretêm, mas também educam e sensibilizam o público sobre questões sociais, culturais e ambientais, contribuindo para uma maior conscientização e engajamento em temas importantes para a sociedade atual. A influência da cultura woke no entretenimento contemporâneo está intrinsecamente ligada a questões sociais, culturais e ambientais. 

Para a Profª Dra. Lilian Crepaldi, é importante ter muito cuidado para que as pautas não se tornem forçadas apenas para de fato atender uma agenda. 

A especialista apontou:

"Oferecer essa diversidade para as crianças e jovens de forma natural, sem que pareça algo forçado ou artificial... Tentar fazer com que esse processo seja como deveria ser para todos: natural e de acordo com quem cada um deseja ser."

Por um lado, filmes, programas de TV e outras formas de entretenimento servem como veículos poderosos para educar e sensibilizar o público sobre esses temas, promovendo uma maior consciência e engajamento. No entanto, o uso desenfreado das tecnologias digitais, especialmente por crianças e jovens, apresenta riscos significativos para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social.

De acordo com a psicopedagoga Josefa Marques, pensando na conscientização das crianças e jovens sobre a diversidade, os desenhos animados são uma ótima estratégia. No entanto, eles precisam ser feitos dentro de um contexto educativo, com o objetivo de ensinar valores como respeito, acolhimento e empatia. É importante que esses desenhos sejam claros e seguros para que possam atingir o objetivo desejado.

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“O audiovisual tem o poder de causar identificação e refletir nossos medos e desejos.”
- Patrícia Campinas

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O formato de vídeos curtos, de 30 ou 60 segundos, tornou-se dominante nas plataformas, transformando o conteúdo audiovisual em algo ágil, acessível e altamente cativante para o público. A disseminação da "tiktokização" abrange diversas esferas, como música, dança, humor, moda e desafios virais, influenciando a produção de conteúdo mais breve e cativante.

 

Esse fenômeno, impulsionado pelo sucesso do TikTok, moldou uma nova dinâmica de criação e consumo de conteúdo, caracterizada por vídeos curtos e visualmente atrativos, adequados à rápida atenção dos usuários, principalmente de crianças e jovens que desde cedo já foram introduzidos as tecnologias, sendo os pais muitas vezes os maiores aliados em permitir o acesso prematuramente, já que muitas vezes os jovens não têm maturidade para avaliar as consequências de suas ações em busca de engajamento nas redes sociais.

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‘O Dilema das Redes’ da Netflix é um documentário que mergulha fundo nas entranhas das redes sociais e revela como essas plataformas são projetadas para capturar e manter a atenção dos usuários. Através de dramatizações impactantes e depoimentos de ex-executivos e engenheiros de empresas como Google, Facebook, Twitter e Instagram, o filme expõe os bastidores da indústria de tecnologia e suas práticas questionáveis.

 

 

Uma das principais preocupações levantadas pelo documentário é o uso de algoritmos de recomendação, que visam maximizar o tempo de engajamento dos usuários, muitas vezes às custas de sua saúde mental e bem-estar. Ao analisar os padrões de comportamento dos usuários, esses algoritmos são capazes de personalizar o conteúdo exibido, criando uma bolha de informações que reforça crenças e opiniões preexistentes, além de promover conteúdos extremos e desinformativos.

Outro ponto abordado pelo documentário é o impacto das redes sociais na saúde mental dos jovens, especialmente no que diz respeito à autoestima, ansiedade, depressão e vício em tecnologia. As incessantes notificações, likes e comentários podem criar uma pressão constante por validação e aprovação social, levando os usuários a uma busca desenfreada por likes e seguidores. 

“Os pais precisam estar vigilantes o tempo inteiro, utilizando bloqueadores, senhas e filtros para garantir que seus filhos não tenham contato com conteúdos inadequados para suas idades.” - Lilian Crepaldi

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Para a especialista, é fundamental criar um ambiente digital seguro para as crianças e jovens, protegendo-os de possíveis interações perigosas online. Para a psicopedagoga, Josefa Marques, é importante considerar que, ao passar muito tempo em frente a uma tela, a criança deixa de interagir com outras pessoas e com o ambiente ao seu redor., ela aponta ainda que esse isolamento pode levar à perda de experiências lúdicas fundamentais e à diminuição da autoestima, já que a socialização é crucial para o desenvolvimento infantil. Portanto, as famílias precisam estar atentas e supervisionar o que as crianças vivenciam nas redes sociais, além de limitar o tempo de uso para garantir que elas tenham oportunidades de conviver e interagir com outras pessoas.

 

Diante desses desafios, é crucial promover uma discussão aberta e informada sobre o uso responsável das redes sociais e desenvolver estratégias para mitigar os impactos negativos. Isso inclui educar os jovens sobre os riscos associados ao uso excessivo das redes sociais, bem como pressionar as empresas de tecnologia a assumirem a responsabilidade por suas práticas e implementarem medidas para proteger a saúde mental dos usuários.

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Entretanto, não podemos focar apenas nos aspectos negativos das redes sociais, pois elas também permitem espaços para discussão e interação, demonstrando que o público jovem está muito mais engajado em questões sociais que permeiam a sociedade.

 

Entretanto, não podemos focar apenas nos aspectos negativos das redes sociais, pois elas também permitem espaços para discussão e interação. Para a especialista mestre em cinema, Patrícia Campinas, esta geração está mais engajada em questões sociais, como diversidade e saúde mental. As redes sociais não são apenas um problema, mas também uma solução, ao permitir que as pessoas se organizem e discutam questões importantes.

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Além de facilitar a discussão sobre temas sociais relevantes, as redes sociais também oferecem uma plataforma para a mobilização e a organização de movimentos sociais. Eventos como protestos, campanhas de conscientização e iniciativas de apoio comunitário têm se beneficiado da rápida disseminação de informações proporcionadas pelas redes.

 

A própria natureza das redes sociais, com seu alcance global e instantaneidade, permite que questões locais ganhem visibilidade internacional. Isso pode levar a um maior apoio e solidariedade de diversas partes do mundo. Por exemplo, movimentos como o Black Lives Matter e as greves pelo clima, lideradas por jovens como Greta Thunberg, ganharam força através do uso estratégico das redes sociais.

Foto: Johan Nilsson/TT

No entanto, com a proliferação das redes sociais e o fácil acesso das crianças a essas plataformas, a psicopedagoga Josefa Marques destaca a importância da supervisão e do envolvimento dos pais para garantir que o uso da internet seja seguro e benéfico. Segundo ela, o acompanhamento dos pais é essencial para promover um ambiente digital saudável.

"É muito importante que os pais acompanhem seus filhos nas redes sociais, observando os materiais que estão sendo utilizados e estimulando conteúdos que tragam conhecimento e agreguem valor à vida das crianças e adolescentes. É essencial sempre incentivar o respeito, o cuidado com o outro e a empatia".

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Embarcando na era dos conectados
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Com a crescente presença das redes sociais na vida de crianças e adolescentes, a supervisão parental se torna essencial para garantir um uso benéfico e seguro dessas plataformas. A psicopedagoga Josefa Marques oferece uma série de orientações para os pais, destacando práticas que promovem um ambiente digital saudável e educativo. Segundo a especialista, os seguintes pontos devem ser adotados para uma utilização saudável por jovens e crianças:

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Estabelecer Limites de Tempo com Sensibilidade Cultural

Reconhecendo que diferentes grupos têm realidades e necessidades diversas, é importante adaptar as diretrizes de tempo de tela para refletir as preocupações específicas de cada comunidade. Por exemplo, considerando as realidades de famílias de baixa renda ou minorias étnicas que podem depender mais das redes sociais para se conectarem com suas comunidades ou acessarem recursos educacionais, os pais podem ser flexíveis com os limites de tempo, priorizando a qualidade sobre a quantidade de interações online.

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2

Monitorar o Uso com uma Lente Crítica

Além de supervisionar o tempo de tela, os pais também devem estar atentos ao conteúdo que seus filhos consomem online, promovendo a conscientização sobre questões sociais importantes, como justiça racial, igualdade de gênero, respeito à PcD e inclusão LGBTQ+. Ferramentas de controle parental podem ser usadas não apenas para limitar o tempo gasto online, mas também para filtrar conteúdos que promovam estereótipos prejudiciais ou discriminação.

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3

Promover uma Compreensão Crítica das Redes Sociais

Os pais devem ajudar seus filhos a entenderem como as plataformas de mídia social podem perpetuar desigualdades e preconceitos, ao mesmo tempo em que oferecem oportunidades para amplificar vozes marginalizadas e promover mudanças sociais. Incentivar os jovens a seguirem perfis que representam uma variedade de experiências e perspectivas pode ajudá-los a desenvolver uma consciência crítica das narrativas dominantes e a valorizar a diversidade

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4

Dar o Exemplo Praticando a Inclusão

Os pais devem demonstrar compromisso com os valores da justiça social e da inclusão em suas próprias interações online, modelando comportamentos positivos para seus filhos. Isso inclui evitar compartilhar ou apoiar conteúdos que perpetuam estereótipos ou discriminam grupos minoritários, e em vez disso, promover o diálogo construtivo e a empatia nas redes sociais.

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Empoderar os Filhos para Serem Agentes de Mudança

Os pais podem capacitar seus filhos a usarem as redes sociais como ferramentas para promover a justiça social e a inclusão, encorajando-os a se envolverem em causas que lhes interessem e a compartilharem suas próprias experiências e perspectivas de forma autêntica e responsável. Isso pode incluir participar de campanhas de conscientização, apoiar iniciativas de ativismo online e usar suas plataformas para defender os direitos humanos e a igualdade.

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Seguindo essas orientações, os pais podem ajudar seus filhos a navegarem pelas redes sociais de forma segura e construtiva, transformando esses espaços em ferramentas poderosas para o crescimento pessoal e a promoção de valores sociais positivos. Além disso, ao escolher cuidadosamente os filmes que assistem juntos e discutindo suas mensagens importantes, os pais também podem enriquecer a experiência audiovisual de seus filhos, promovendo reflexão e diálogo sobre questões relevantes para a sociedade. Dessa forma, não apenas protegem o bem-estar de seus filhos, mas também capacitam-nos a serem agentes ativos de mudança tanto nas redes sociais quanto no mundo do audiovisual, contribuindo para um ambiente digital e cultural mais inclusivo e enriquecedor.

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